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Glaucoma, o dano ocular lento, silencioso e irreversível aos seus olhos

Com o passar dos anos o senhor João, que hoje se encontra com 50 anos de idade, percebe que algo não vai bem com a sua visão. Tem notado que a sua capacidade visual diminuiu. Parece que não enxerga bem as coisas na periferia do seu campo de visão. Recentemente se envolveu num acidente automobilístico, porque não notou o carro que estava ao lado do seu, e acabaram colidindo. As cores perderam vida.

Preocupado, o Sr. João procura um oftalmologista, que após um exame ocular detalhado diagnostica uma doença chamada glaucoma, que está comprometendo seriamente a visão dos seus dois olhos. Não entende como isso aconteceu! Afinal, os olhos não doem, não ficam vermelhos ou lacrimejam.

Inicia o tratamento indicado pelo seu médico, porém permanece preocupado, pois soube que tudo o que foi perdido de capacidade visual, ocasionado pelo glaucoma não se recuperará. Pensativo se pergunta: “e se eu tivesse procurado um oftalmologista antes? Será que teria evitado tantos danos à minha visão?”

Essa história do Sr. João se repete com milhões de pessoas anualmente no mundo todo. A Organização Mundial de Saúde – OMS calcula que 2,4 milhões de casos novos de glaucoma surgem no mundo anualmente. Em 2020, cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo têm o diagnóstico de glaucoma confirmado e com indicação de tratamento. Os danos causados pelo glaucoma são a segunda causa de cegueira no mundo.

O que é o glaucoma?

O glaucoma é uma doença que afeta o nervo óptico, prejudicando de forma irreversível o envio dos estímulos visuais gerados na retina para o cérebro. A lesão no nervo óptico tem no aumento da pressão intraocular o principal fator de risco envolvido na causa dessa doença.

O aumento da pressão intraocular se deve à diminuição no escoamento do humor aquoso, líquido que preenche a porção anterior interna do globo ocular. Com o passar dos meses e anos o aumento da pressão dentro dos olhos colabora, juntamente com outros fatores, para a lesão progressiva e irreversível do nervo óptico. Na maior parte dos pacientes essa lesão se dá de forma totalmente assintomática na sua fase inicial.

Maior incidência após os 50 anos

O glaucoma apresenta maior incidência após os 50 anos de idade, sendo mais frequente na população negra ou afrodescendente, míopes, diabéticos e hipertensos. Pode estar associado a doenças reumatológicas e autoimunes, que apresentam inflamação intraocular, as chamadas uveítes, precursoras de quadros de glaucoma.

Muitos desses pacientes fazem uso de medicamentos de uso contínuo à base de corticosteroides, por exemplo, que também colaboram para o desenvolvimento das lesões glaucomatosas . Muitos casos de traumatismo ocular podem também evoluir com glaucoma.

Cuidado com o uso de colírios

Cabe ressaltar que o uso inadequado de colírios que contenham corticosteroide na sua composição, pode levar a quadros graves de glaucoma medicamentoso. Tais colírios exigem prescrição e acompanhamento do médico oftalmologista.

Existem alguns casos raros de glaucoma congênito, cuja lesão ocular ocorre desde o nascimento, e se não tratado rapidamente, geralmente com cirurgia precoce, levam a criança à cegueira em poucas semanas.

Quais os sinais e sintomas do glaucoma?

Nos estágios iniciais da doença, geralmente o glaucoma é totalmente assintomático. Com o passar dos meses e anos o paciente nota uma perda gradual da capacidade visual, iniciando-se principalmente na periferia do campo visual, que com a evolução do quadro chega a comprometer a visão central evoluindo até a cegueira.

Casos de glaucoma agudo, que apresentam valores muito elevados da pressão ocular, são acompanhados de dor intensa nos olhos, vermelhidão ocular, dor de cabeça, mal estar, fotofobia e até episódios de vômito.
O glaucoma agudo é considerado uma urgência médica e o paciente deve ser encaminhado rapidamente a um pronto atendimento oftalmológico. Uma crise de glaucoma agudo pode levar à cegueira em poucas horas, se não for adequadamente tratado.

Como é feito o diagnóstico de glaucoma?

O exame oftalmológico preventivo é fundamental para a descoberta dessa doença traiçoeira. Numa consulta de rotina, o médico oftalmologista avalia a capacidade visual de cada olho, a pressão intraocular com o exame de tonometria e através do exame de fundo de olho avalia o aspecto do nervo óptico. Nesse exame, procura identificar sinais sugestivos de lesão do glaucoma como aumento da escavação (pequeno orifício localizado no centro do nervo) e hemorragias na cabeça do nervo óptico.

Vários exames oftalmológicos específicos podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico e acompanhamento do tratamento do glaucoma. Destacamos: paquimetria ultrassônica, gonioscopia, campimetria visual, retinografia, tomografia computadorizada de nervo óptico e retina (OCT), exame de curva tensional diária (medida da pressão intraocular várias vezes ao dia) e teste de sobrecarga hídrica. A interpretação correta desses exames deve ser feita apenas pelo médico oftalmologista que indicará o melhor tratamento e acompanhamento do caso.

Como se trata o glaucoma?

Após o diagnóstico feito, geralmente o glaucoma passa a ser controlado com o uso de colírios específicos para a redução da pressão intraocular, que é o único fator de risco no qual podemos interferir. Em alguns casos associam-se dois ou até três colírios para o controle da progressão do glaucoma.

Caso o tratamento medicamentoso não seja eficaz, pode-se indicar o tratamento cirúrgico do glaucoma nas suas mais diversas modalidades e técnicas, que podem incluir até mesmo a aplicação de laser e implantes intraoculares na tentativa de diminuir a pressão intraocular.

O glaucoma tem cura?

Infelizmente o glaucoma não tem cura! Após o diagnóstico e iniciado o tratamento, este se estende por toda a vida do paciente. Geralmente, quando bem controlada, a lesão do glaucoma não avança, permitindo que o paciente continue com boa capacidade visual por toda a vida, claro que desde que diagnosticado precocemente. O acompanhamento oftalmológico regular é fundamental para manter a doença adequadamente controlada. Desta forma, costumamos dizer que o glaucoma não tem cura, mas tem controle.

A prevenção do glaucoma realizada nas consultas oftalmológicas de rotina é fundamental para evitar os graves danos causados à nossa visão por essa doença de evolução lenta, silenciosa e irreversível!

Cuide-se bem! Visite regularmente o seu oftalmologista. Para saber como está a saúde dos seus olhos marque uma consulta no COI e tire todas as suas dúvidas com nossos médicos oftalmologistas.

Revisão médica: Dr. Celso Lopez

Médico oftalmologista

CRM 75275

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